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Os maiores erros dos pais que levam a conflitos e problemas de comportamento

No auge dos problemas de comportamento do meu filho no ensino médio, ele decidiu sair  com um amigo em uma sexta-feira à noite sem nos avisar e foi para a casa de alguns rapazes mais velhos (todos eles maiores de 18 anos, que já tinham terminado o ensino médio, e moravam juntos numa casa). O pai dele e eu não conseguíamos encontrá-lo. Quando finalmente o localizamos na manhã seguinte, meu filho estava em uma festa nesta casa. A essa altura, eu já estava espumando de medo e raiva. Então, quando meu marido procurava uma vaga para estacionar em frente a esta casa, eu já estava praticamente saindo do carro  e marchando para a porta da frente antes mesmo dele colocar o carro no estacionamento! Um desses garotos me encontrou na varanda da frente - como se achasse que poderia me impedir - e eu não consigo nem começar a descrever a bronca que dei nele (falei algo sobre ele estar contribuindo para a delinquência de um menor, falei de polícia,  cadeia, que ele nunca mais entrasse em contato com meu filho - eu nunca vou esquecer a cara dele) e, quando passei por esse menino e entrei direto na casa, vi o que parecia ser a manhã depois de uma “farra da galera” - vários garotos no maior sono esparramados por toda parte e uma mesa de centro cheia de cachimbos. Meu filho, com 17 anos na época, estava dormindo desmaiado no sofá. Eu o sacudi enquanto dava um sermão no resto das crianças na sala e o arrastei para o carro - meu pobre marido, atônito, ficou parado n a rua com a boca aberta. Uma vez no carro, comecei a questionar, dar sermões e gritar, durante todo o caminho de volta para casa, onde o pau quebrou e a discussão ficou ainda mais acalorada.

Aqui é Ann Coleman, uma advogada que se tornou educadora de pais, e mãe de um garoto que teve dificuldades na adolescência. Você está ouvindo a tradução em português com a voz de Noemia Colonna,  do podcast Speaking of Teens, que em português significa, “Falando sobre Adolescentes”. Este é um podcast quinzenal com informações científicas que podem te ajudar a entender melhor como se relacionar e ser pai e mãe de um filho adolescente.

No episódio de hoje, eu quero falar com você sobre os maiores erros que cometemos com nossos adolescentes e pré-adolescentes, que levam a conflitos e problemas de comportamento e criam desconexão entre nós.

As pessoas gostam de dizer (e a gente també quer ouvir) que o comportamento de nossos filhos adolescentes não é nossa culpa. E, até certo ponto, isso é verdade. Todos nós nascemos com um temperamento e uma personalidade específicos que simplesmente não vão mudar. Mas, como pais, temos absolutamente o poder de influenciar muito o comportamento de nossos filhos. E muitas das coisas que nos são ditas, ensinadas ou que achamos que serão benéficas para nossos filhos, na verdade, afetam negativamente o comportamento deles e criam conflitos entre nós, o que prejudica nossa vida.

O relacionamento com eles nos faz perder toda a influência sobre eles. Em outras palavras, conseguimos exatamente o oposto do que queremos alcançar. Aquela manhã em que encontrei meu filho do outro lado da cidade, no sofá de um estranho, foi a gota d’agua de meses e meses de conflitos e desconexão entre nós. Ele se comportava mal, eu me descontrolava e tentava controlá-lo, o que causava conflito e desconexão entre nós, e quanto mais conflitos tínhamos, pior ficava o comportamento dele e mais distante ficava o nosso relacionamento, rompendo toda a comunicação, o que significa que toda a minha influência havia desaparecido. E tentar controlar um adolescente por meio da força bruta não funciona. Nosso comportamento, nossas emoções, nossa compreensão das emoções deles podem nos aproximar de nossos adolescentes, onde podemos permanecer influentes e guiá-los pela adolescência com segurança, ou podemos causar um abismo gigantesco em nosso relacionamento e empurrá-los para um comportamento negativo, problemas de saúde mental e mais problemas do que imaginamos ser possível. Portanto, vamos falar sobre os erros que devem ser evitados para não causarmos esses problemas.

1.

Um dos maiores erros que muitos de nós cometemos e que causam conflitos, desconexão e problemas de comportamento com nossos filhos adolescentes é não conseguirmos regular nossas próprias emoções. Naquele dia, com meu filho, meu cérebro estava em total estado de Reagir ou Fugir - Eu estava entre luta E fuga. E eu não tinha consciência do que estava sentindo e nem capacidade naquele momento de controlar isso. Eu nem sabia que era possível controlar. E quando permitimos que nossas emoções nos dominem dessa forma, não podemos ser pais com intenção. Eu não tinha nenhum plano para quando encontrasse meu filho. Não pensei no que fazer ou dizer - nada -, estava correndo com pura adrenalina causada por minhas emoções. A parte pensante do meu cérebro foi completamente dominada pela parte emocional. E isso não é bom. Isso fez com que eu agisse antes de pensar,e  reagisse em vez de responder com atenção. Não podemos fazer isso como pais se quisermos que nossos filhos sejam mentalmente saudáveis e se comportem adequadamente. Quanto mais reagirmos com base na emoção, maior será a probabilidade de causarmos uma ruptura em nosso relacionamento com nossos filhos e maior será a probabilidade de eles reagirem de volta. Por exemplo, se o seu filho adolescente entrar pela porta duas horas depois do toque de recolher e, durante essas duas horas, você estiver tentando enviar mensagens de texto e localizá-lo, mas o telefone está desligado, e você tiver imaginado todas as situações possíveis, ligando para todos os hospitais e estiver prestes a chamar a polícia, e estiver com a pressão arterial quase no nível de um derrame... você poderá reagir gritando, dando um sermão ou punindo-o assim que ele entrar pela porta. Seu medo ou raiva, ou ambos, o dominaram completamente - você não pensa - apenas reage. E o que vem depois? Seu filho pede desculpas, aceita a punição que você aplica e vai para o quarto em silêncio? Bem, se ele for como a maioria dos adolescentes, não. Vocês terão um confronto. Ele vai gritar de volta, discutir com você, responder às suas emoções descontroladas com as dele. E você acaba de destruir uma grande parte da sua conexão com eles, a confiança que eles têm em você para ser a autoridade paterna e materna sólida que os mantém na linha de uma forma gentil e amorosa, o direito de ouvir o que está no coração deles e ser incluído em suas decisões. Isso é péssimo.

Mas não são apenas essas grandes situações em que suas emoções podem assumir o controle e fazer com que você reaja de uma forma que pode levar à desconexão e a um comportamento pior. São os sentimentos cotidianos dos quais você pode nem mesmo estar ciente. Como aquele pensamento incômodo no fundo da sua mente quando você vê a pilha de roupas no chão, ao lado do cesto de roupa suja. "Oh, meu Deus, por que ela não pode simplesmente jogá-las 15 centímetros para a esquerda e colocá-las no maldito cesto? Porque que ela é tão preguiçosa assim? Acho que ela faz isso só para me irritar. Ela é tão desleixada, como ela vai conseguir manter uma casa limpa e se dar bem com colegas de trabalho ou com um marido?" Talvez você nem perceba que está tendo esses pensamentos! Você precisa estar muito consciente do que acontece quando vê essas roupas no chão, ao lado do cesto. O que você sente em seu corpo? Você sente um nó na garganta? Seu rosto fica quente? Sente um frio na barriga? Em seguida, observe o que está pensando naquele momento. Observe como isso te faz se sentir. Que emoção aparece? Decepção? Medo (de que seu filho ou filha não consiga agradar aos colegas de trabalho, etc.)? Raiva (porque ela não respeita as regras, sua casa, o quanto você se esforça e faz as coisas por ela ou por ele)? O que surge no seu corpo e na sua mente e o que você está sentindo emocionalmente? Quando conseguir se sintonizar com essa consciência, descobrir o que está pensando e sentindo naquele momento, você estará mais apta a responder intencionalmente seu filho ou filha sobre essa questão, em vez de simplesmente reagir sem consciência e reflexão (gritar, dar sermões, reclamar, repreender) Então, você tem uma pequena conversa consigo mesma: "Por que tenho tanto medo de que meu filho ou filha não consiga se dar bem com colegas de trabalho um dia?" Ah, sim, eu passei por essa situação durante o meu primeiro emprego, com aqueles colegas de trabalho que puxavam o tapete um do outro Oh, meu Deus, isso foi horrível - é por isso que estou tão assustada com as roupas no chão! Uau, agora posso tentar lembrar que minha filha não é uma daquelas colegas de estágio e nem fez parte daquela loucura que vivi anos atrás. Não preciso colocar isso sobre ela. Preciso responder à minha filha como minha filha, neste momento, sem todo aquele lixo do meu passado. Agora, posso calmamente pegar as roupas e colocá-las no cesto, deixá-las no chão e não me preocupar com isso, ou discutir uma regra com ela e talvez concordar que, a menos que estejam no cesto, elas não serão lavadas. Mas, seja qual for a regra, você terá dedicado tempo para pensar sobre o assunto em vez de se precipitar sem pensar. É quase impossível ser um pai responsável sem controlar suas emoções. Uma das melhores maneiras de ajudá-lo com isso é manter um diário. Comece a anotar suas emoções, o que sentiu, o que estava pensando, como seu corpo se sentiu naquele momento e de onde acha que isso veio. Explore suas emoções por escrito.

Você pode até mesmo voltar a acontecimentos emocionais do seu passado e trabalhar com eles por escrito. Está cientificamente comprovado que isso faz uma enorme diferença na vida das pessoas. Escrever as coisas não apenas traz consciência e a capacidade de regulá-las melhor, mas, em muitos casos, ajudará você a se libertar totalmente de coisas do passado. Eu recomendo esse livro o tempo todo, por isso vou repetir - Emotional Agility (Agilidade emocional), de Susan David, é um livro fabuloso que vai te ajudar nesta jornada. Vou colocar o link nas notas do programa, juntamente com os links para qualquer outra coisa que eu mencionar. Portanto, se v o c ê tem dificuldade para não explodir ou se vê constantemente lembrando, repreendendo e repetindo coisas para si mesma, precisa explorar esses sentimentos porque eles estão causando problemas entre você e seu filho ou filha. Outra maneira de fazer isso é explorar a atenção plena e adotar uma prática de atenção plena, também conhecida como “Mindfulness”. A atenção plena é simplesmente estar totalmente imerso no momento presente sem julgar o que sua mente está fazendo. Vou colocar um link para um artigo da Harvard Gazette que explica isso muito bem (COLOCAR UM LINK EM PORTUGUES). Também tenho um guia gratuito chamado "Emotional Awareness Strategies" (Estratégias de Conscientização Emocional), que está disponível por meio de um link exatamente onde você está ouvindo. Basta rolar a tela para baixo na descrição.

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Outro grande erro que muitos pais tendem a cometer e que causa conflitos, desconexão e problemas de comportamento com seus filhos adolescentes... é não entender e não estar ciente das emoções de seus filhos e não saber como ajudá-los a administrar suas emoções desagradáveis. Esse é um problema de várias camadas. Em primeiro lugar, alguns pais simplesmente têm dificuldade em perceber quando o filho está prestes a se emocionar ou mesmo quando está emocionado - eles simplesmente não têm sintonia ou consciência dos sinais de alerta - sendo incapazes de "ler o ambiente", por assim dizer. E isso pode ser um grande problema. Por exemplo, por algum motivo, eu estava totalmente alheia ao fato de que meu filho não estava aberto a brincadeiras em determinados momentos e eu dizia algo bobo ou brincava com ele sobre alguma coisa e ele ficava furioso. Meu marido olhava para mim como se eu fosse louca e perguntava - você não viu que ele não estava no estado de espírito certo para isso? - e eu dizia: "O quê? Não vi." Acho que era uma espécie de cegueira intencional de minha parte - talvez eu simplesmente não quisesse ver. Mas entender os gatilhos emocionais de nossos filhos, o que os deixa nervosos, irritados ou frustrados e estar atento a isso em nossas interações com eles é muito importante para evitar conflitos e garantir que mantenhamos nossa conexão com eles. Uma boa alternativa para isso é desenvolver sua empatia pelo que eles estão passando. E acredite: todo adolescente está passando por algo. Pode parecer insignificante para você, ou pode ser algo que eles dizem estar lidando, mas talvez não estejam. Como já mencionei várias vezes neste programa, nossos adolescentes estão passando por uma crise significativa de saúde mental. As taxas de ansiedade e depressão estão altíssimas por vários motivos diferentes e, sim, as redes sociais provavelmente estão no topo da lista. Mas eles estão sob pressão e estresse por todos os lados, e é preciso acreditar que, mesmo que se eles não demonstrarem, pode ser que o problema esteja mais embaixo. Não quero dizer que você tenha que pisar em ovos, mas se ele estiver apresentando sinais externos de angústia, você simplesmente não deve piorar a situação - você deve ter empatia. E parte do desenvolvimento desta empatia é entender que o cérebro deles está passando por grandes mudanças durante a adolescência, e eles não têm controle sobre isso. Eles estão se individualizando, o que significa que naturalmente se sentem mais atraídos por amigos do que por você, estão tentando descobrir quem são e onde se encaixam no grande esquema. Adolescentes são muito focados em se encaixar, parecer legais e serem apreciados. Tanto que fazem praticamente qualquer coisa, inclusive coisas perigosas e arriscadas como beber, dirigir de forma imprudente e usar drogas - e essas coisas são muito mais prazerosas durante a adolescência por causa do sistema de recompensa acelerado no cérebro. E o centro emocional do cérebro também está em t u r b u l ê n c i a e comete erros quando está em perigo, reage agressivamente de acordo com tom de voz e o que é dito a eles, de modo que fi c am c h a t e a d o s com coisas que provavelmente não deveriam estar. E suas emoções negativas podem ser muito mais intensas. Ao mesmo tempo, a parte do cérebro responsável pela função executiva, como autocontrole, foco, planejamento antecipado e tomada de boas decisões, é muito mais fraca do que essas outras áreas, de modo que é realmente muito difícil para os adolescentes controlarem tudo isso. Você precisa entender este processe para que, a) não fique chocado com o comportamento deles e b) para que possa ser mais empático e ver que eles não estão fazendo isso de propósito, não é algo que eles estejam fazendo para você, não é que eles queiram se sentir fora de controle ou queiram causar problemas ou deixá-lo louco de propósito. Eles estão fazendo o melhor que podem com o que têm no momento. Portanto, ficar atento aos gatilhos e estar ciente das emoções e do motivo pelo qual seu filho ou filha se comporta dessa maneira, para que você possa ser mais empático, o que é muito importante para poder orientá-los em suas emoções fortes e desagradáveis. Não importa se foi algo que você disse ou fez que os deixou irritados ou outra coisa que aconteceu, conseguir lidar com o colapso emocional dos adolescentes é uma arte e requer alguma habilidade. Primeiro, você deve ser capaz de regular suas próprias emoções, como falamos há um minuto. Você não pode esperar treiná-los em seu estado emocional se estiver tendo seu próprio colapso. Portanto, esse é o primeiro passo. Você também precisa tentar não temer esses momentos como eu fiz. Acredite ou não, essas tempestades emocionais são, na verdade, uma oportunidade para você se conectar em um nível mais profundo com seu filho. Você pode realmente ajudá-los a aprender a ter mais consciência e a regular suas próprias emoções. Veja como fazer isso: ouça o seu filho ou filha com a empatia que você desenvolveu. Não tente dizer a ele ou ela como se sente. Não tente você mesma consertar as coisas ou resolver o problema de seu filho por ele.

Ouça cada palavra que sua criança diz - dê a ela toda a sua atenção sem interrompê-la de forma alguma. Peça que ela esclareça qualquer coisa que você não tenha entendido e repita o que ela disse para ter certeza de que você entendeu. Isso é essencial para ajudá-la a se acalmar. E você não poderá ajudá-la a resolver o problema enquanto ela não estiver calma. Por exemplo, digamos que você ouça seu filho batendo em coisas no quarto e o ouça resmungando consigo mesmo, então você se aproxima com cautela. Você percebe que ele está frustrado com alguma coisa, então diz "o que foi?" e ele imediatamente começa a reclamar por não conseguir encontrar a lição de casa que já tinha quase terminado na escola. Ele está jogando livros e batendo nas coisas e, é claro, não foi muito gentil com você. Mas você ignora isso, como deveria, porque vê que ele está extremamente frustrado no momento. Depois que ele termina a reclamação, você diz: "Nossa, entendo por que você está tão frustrado, eu também detesto perder algo, especialmente algo em que você já se dedicou tanto". Com essa única declaração, você reconheceu que ele tem o direito de estar chateado, que o que ele está sentindo é, de fato, chamado "frustração" e confirmou que você entende. Quando você fizer isso, ele se sentirá validado em sua frustração e aliviado por alguém - você - ter dado permissão para ele se sentir como se sente (em outras palavras, ele não é estúpido por se sentir assim). Então, agora ele pode começar a se acalmar. Outra coisa que realmente ajuda a trazer um pouco de oxitocina para o encontro é um toque carinhoso nas costas ou no ombro ou até mesmo um abraço (se a criança permitir). Agora, se você tivesse entrado no quarto dele e dito: "Você poderia se acalmar e parar de bater nas coisas, o que que tem de errado contigo?" Você receberia a mesma quantidade, se não mais, de "fúria". E, nesse momento, se você tivesse dito algo como "não fale c o m i g o desse jeito - você precisa se acalmar", ele não faria nada disso. Veja bem, dizer a alguém para se acalmar ou relaxar só faz com que a pessoa fique ainda mais irritada. O que você acha quando está chateado e sente que tem o direito de estar e alguém diz: "Puxa vida, você pode se acalmar?" Sim, isso se chama invalidação e não é uma sensação muito boa. Quando alguém é invalidado, sua reação é se esforçar mais para convencer a pessoa de que ela se sente como se sente e tem o direito de se sentir assim... ou seja, ela aumenta a pressão. Mas, ao validar a emoção, dando-lhe um nome, você basicamente dá a pessoa a validação de que ela precisa, o que significa que ela pode respirar e parar de tentar convencê-lo de que precisa se sentir assim. Muito genial, não é? Eu gostaria de poder dizer que fui eu que inventei isso, mas não fui. Vou colocar um link para o livro de John Gottman nas notas do programa - How to raise an emotionally intelligent child (Como criar uma criança emocionalmente inteligente (SEE LINK IN PORTUGUESE). Depois que a pessoa se acalmar, você poderá orientá-la em seu próprio processo de raciocínio para resolver o problema, o que geralmente envolve fazer mais perguntas para fazê-la pensar. Outro grande erro que cometemos como pais de adolescentes e pré-adolescentes, que causa muitos conflitos e desconexões e ainda mais problemas de comportamento, é usar uma abordagem paternal de cima para baixo. Quando eles são pequenos, temos que gerenciar tudo o que fazem - eles ainda estão aprendendo muito e as oportunidades de se machucarem são muitas. Portanto, temos que nos certificar de que tudo está bem - é mais uma posição de gerenciamento. Mas assim que eles se tornam adolescentes (o que, para alguns, pode ser logo aos 9 anos de idade, dependendo da neurobiologia e dos hormônios), assim que atingem a puberdade, seu estilo de criação precisa mudar (assim como sua atitude em relação à disciplina). Disciplina significa literalmente ensinar ou aprender, como era usado nos tempos antigos. Um discípulo era alguém que aprendia. Disciplinar seus filhos ou seu adolescente não significa exigir obediência cega, ter poder sobre eles, buscar retribuição ou punição. Nada disso ensina absolutamente nada. O objetivo da disciplina é ensinar e orientar as crianças e os adolescentes até a idade adulta, e não ensiná-los a obedecer cegamente ao que outras pessoas (até mesmo os pais) lhes dizem para fazer. E a punição não ensina às crianças ou aos adolescentes nada além de ter medo de serem pegos - portanto, serve apenas para torná-los melhores mentirosos e sorrateiros. Temos essa concepção errônea ou falta de controle que faz com que muitos de nós pensem que a punição é a maneira de ensinar. "Vou lhe dar uma lição sobre sair de fininho, você não vai a lugar nenhum nos próximos seis meses, cara" ou "Você vai aprender a não ficar na rua até muito tarde, entregue seu telefone - você vai ter de volta quando eu disser". O fato de tentar manter um adolescente em casa por 6 meses ensina a ele alguma coisa sobre não sair escondido? Não, não ensina. Em primeiro lugar, você desistirá da luta depois de algumas semanas, mas a única coisa que essa punição fará é causar animosidade, desconexão e conflito no lar. Em vez disso, descubra por que eles saíram escondidos. Descubra por que ficaram fora até muito tarde. Tenha uma conversa, ouça bastante, faça perguntas, exponha suas preocupações, faça um brainstorming e negocie uma maneira de evitar o problema no futuro. E vá em frente, discuta e chegue a um acordo sobre quais serão as consequências se eles fizerem isso novamente. Mas tenha cuidado com as consequências, pois se você as usar de forma inadequada, elas serão apenas uma punição. Em primeiro lugar, se houver uma consequência natural para o comportamento, você simplesmente deixará que isso aconteça e não intervirá - a menos que isso possa alterar a vida de alguma forma, é claro. Um bom exemplo é a tela rachada de um iPad depois que ele foi mal utilizado ou retirado do estojo por algum motivo. Ela simplesmente permanece rachada.

Mas quando não há uma consequência natural, você pode precisar fazer um brainstorming com eles para chegar a uma consequência lógica - o que significa que ela está logicamente relacionada ao ato ilícito real.

Se você não tiver uma consequência natural, talvez seja necessário fazer um brainstorming com eles para criar uma consequência lógica, ou seja, que esteja logicamente relacionada ao delito real, ela não ensina nada. E aqui está uma dura verdade: os smartphones não estão logicamente relacionados a tudo o que eles fazem de errado! A menos que eles tenham usado o celular para intimidar alguém ou o tenham levado para o quarto depois do expediente, ou tenham feito algo errado relacionado ao celular, ele está fora de cogitação no que diz respeito a consequências. Mas você pode combinar com ele que, da próxima vez que ele chegar tarde em casa, o toque de recolher será reduzido em tantos minutos na noite seguinte e, se ele se atrasar novamente, talvez tenha que ficar em casa na próxima vez que quiser sair. Há maneiras criativas de fazer essas coisas que os ajudarão a aprender a importância do que fizeram de errado ou do erro que cometeram.

As consequências também devem ter um alcance razoável - em outras palavras, pense em horas e dias em vez de semanas e meses. O comportamento inadequado mais grave não vale mais do que uma semana, pois uma semana é uma vida inteira para um adolescente. Você pode ouvir mais sobre consequências no episódio 22.

4.

O último grande erro que os pais de adolescentes tendem a cometer e que causará todo tipo de conflito e problemas de comportamento é ameaçar a autonomia do adolescente. Lembre-se de que os adolescentes estão tentando construir seu autoconceito, estão se individualizando, sentem-se adultos e querem ser tratados com respeito como qualquer outro adulto. Eles querem ter voz ativa nas decisões que lhes dizem respeito e em tudo o que lhes diz respeito. Eles só querem ser ouvidos - mesmo que as coisas não saiam do jeito deles, se sentirem que puderam se expressar sem medo de represálias ou de serem rejeitados - eles sentirão que sua autonomia foi de certa forma apoiada. Mas, em vez disso, o que acontece muito é que os pais tentam tratar os pré-adolescentes e os adolescentes como crianças. Você pode não ter a intenção de fazê-lo, mas pode chamá-los de um apelido que eles odeiam ou bagunçar seus cabelos como quando eram pequenos ou falar com eles como se eles não entendessem as coisas - cometendo o que chamamos de tom paternalista. Talvez você tenha a tendência de ficar em cima deles, lembrá-los da lição de casa um milhão de vezes durante a tarde, dizer-lhes para vestir o casaco (aliás, deixe-os ficar sem casaco e passar frio - isso se chama consequências naturais). Da mesma forma, outra maneira dos pais ameaçarem a autonomia dos adolescentes é implicando (isso serve para mim e para você), dando sermões, criticando, gritando e sendo sarcásticos. Pense da seguinte forma: se você não gostaria que falassem com você dessa forma, eles também não gostariam. Eles se sentem da mesma forma que você - eles querem a mesma deferência e respeito que você dispensa a outros adultos. É isso aí. Outra coisa que ameaça a autonomia deles é que lhes digam o que fazer (em vez de propor e convidar o adolescente para um acordo). Você dita todas as regras e decisões ou pede a opinião deles, discutem sobre a melhor maneira de fazer as coisas e faz um brainstorming primeiro? Você diz a eles quando devem ir ao médico, o que podem vestir, como ou quando devem cortar o cabelo?

Agora, algumas regras e decisões devem estar sob seu domínio - coisas que são (ou podem ser) perigosas, insalubres, antiéticas, ilegais ou que podem fechar alguma porta que seria melhor deixar aberta (como não receber o crédito necessário para entrar na maioria das faculdades)... mas você ainda precisa ouvi-los completamente e discutir o assunto com eles e ver se há espaço para chegar a um meio termo. Falo mais sobre essas questões nos episódios 14, 15 e 16. Os dias em que você simplesmente dizia "é assim que vai ser - ponto final" acabaram - a menos que você goste de explosões e colapsos que levam ao caos familiar e a possíveis problemas de saúde mental ou uso de substâncias. Falando sério, quanto mais conflitos você tiver com seu filho ou filha adolescente e quanto mais você permitir que uma barreira seja criada entre vocês dessa forma, pior será o comportamento dele e mais desconectado de você ele vai ficar - você pode estar se excluindo da vida dele no que diz respeito à sua influência. Em outras palavras, eles não vão ouvir uma palavra do que você disser. Portanto, por mais problemático que pareça e por mais estranha que a ideia de "apoiar a autonomia de seu adolescente" possa soar para você, ela é crucial para o seu relacionamento e para a saúde mental, a segurança física e o comportamento do seu adolescente. Você precisa se acostumar a conversar de igual pra igual e negociar com seu filho. Quando não puder negociar algo, quando tiver que se manter firme, você ainda poderá ouvi-lo - e então manter a linha da maneira mais gentil e respeitosa que puder. Acabei de mencionar que qualquer coisa perigosa, prejudicial, antiética, ilegal ou que provavelmente fechará alguma porta no futuro que é melhor deixar aberta deve, sim, estar sob controle dos pais. E mesmo mesmo esses tópicos devem estar abertos para discussão, pelo menos. Mas qualquer coisa que não esteja em uma dessas categorias (e você precisa ser razoável aqui, pois essas categorias são subjetivas), se não for perigosa, prejudicial, antiética, ilegal ou que possa fechar alguma porta que seria melhor deixar aberta... é de domínio do adolescente. Portanto, isso incluiria estilo de cabelo, roupas, praticamente tudo sobre a aparência dele ou dela, exceto coisas permanentes como tatuagens e piercings (e isso pode se enquadrar em várias das categorias parentais) - em geral, também pode ser a decoração do quarto, os hobbies que eles praticam, onde trabalham, quando fazem a lição de casa - mais uma vez, tudo o que não se enquadra diretamente nessas outras categorias deve ser de domínio deles - os adolescentes é que decidem.Outra questão na área de apoio à autonomia é o direito à privacidade. E sim, eles realmente têm direito à privacidade - mesmo em sua casa e mesmo quando são menores de idade e mesmo que você sinta fortemente que eles não deveriam ter. Você sabe por quê? Bem, número 1 - eles estão aprendendo a ser adultos, eles se sentem como adultos e estão se tornando seres sexuais e, sim, eu sei, tudo isso parece ser motivos pelos quais os adolescentes não deveriam ter direito à privacidade. Mas há uma maneira de protegê-los de danos e, ao mesmo tempo, respeitar suas necessidades. Novamente, você deve discutir e negociar com antecedência. Se você quiser colocar um tipo específico de controle dos pais no celular deles, eles têm o direito de saber.. Afinal de contas, não se trata de "flagrá-los" fazendo algo errado, mas de ensiná-los a fazer coisas certas. Se você ainda não ouviu os episódios 54 e 55 sobre mídia social, recomendo enfaticamente que o faça, pois falo sobre os conselhos recomendados pelas autoridades de saúde pública e e bem-estar mental dos Estados Unidos. Por fim, a não ser que você esteja aos poucos permitindo que seu adolescente assuma mais responsabilidades e tenha cada vez mais liberdade, você também estará ameaçando a autonomia deles. Os adolescentes aprendem mais quando se esforçarem um pouco além do que você e eles acham que podem fazer e ao verem como se saem. Se não der certo, você recua, mas se der certo, você dá os próximos passos para ampliar as habilidades deles um pouco mais adiante. Você pode ouvir o episódio para saber mais sobre o apoio à autonomia. Portanto, para encerrar e resumir o assunto de hoje, esses são os quatro maiores erros que os pais de adolescentes cometem e que causam conflitos e problemas de comportamento e destroem seu relacionamento (o que significa que eles não farão nada que você queira que eles façam): Erro nº 1 - Não ter um bom controle sobre suas próprias emoções. Você não pode ficar descontrolado com seu filho adolescente - você não conseguirá nada além de discussões e crises, e as coisas ficarão rapidamente fora de controle. Erro nº 2 - Não entender e não ter empatia com as emoções e o comportamento do adolescente. Você precisa entender por que eles se comportam dessa maneira (devido ao cérebro e à biologia) e, quando eles fizerem algo errado ou estiverem passando por um momento emocional, você deve orientá-los e ajudá-los a se acalmarem e desenvolverem sua própria consciência e regulação emocional. Erro nº 3 - Usar uma abordagem autoritária, de cima para baixo para disciplinar. Tentar policiá-los em vez de orientá-los. Você precisa praticar como ensiná-los em vez de puni-los - é disso que se trata a disciplina; ensinar em vez de apenas obter retorno ou recompensa. Parte disso é aprender a usar consequências naturais e lógicas e ajudá-los a aprender as habilidades necessárias para a vida adulta. O erro nº 4 é ameaçar a independência deles. Uma das coisas com que muitos pais de pré-adolescentes e adolescentes têm dificuldade. É difícil começar a tratar nossos bebês como jovens adultos. É difícil abrir mão do controle. É difícil falar com eles de forma diferente. Mas se não o fizer, com certeza você vai se arrepender, pois haverá bate-bocas e caos em abundância e isso pode rapidamente sair do controle, afetando toda família.

Por hoje o Falando de Adolescentes (Speaking of Teens) fica por aqui. Você pode encontrar as sugestoes de livros e artigos menionados no episódio em neurogility.com/57 - Na descrição deste episódio tem um link para o nosso site. Muito obrigada por me ouvir - eu realmente agradeço e espero que você tenha aprendido algo com o episódio de hoje. Se gostou, considere a possibilidade de compartilhá-lo com alguém que talvez precise ouvi-lo. Você sabe que os pais de adolescentes precisam de ajuda. Compartilhe esse conteúdo com seu orientador pedagógico da escola do seu filho ou filha, com o pediatra deles, o seu terapeuta - eles conhecem pessoas que precisam desse tipo de ajuda - e você também estará ajudando o podcast. Se você fala inglês,  entre e junte-se a nós no Speaking of Teens Facebook Group para obter apoio gratuito. Há um link bem onde você está ouvindo. Speaking of Teens é patrocinado pelo site neurogility.com, onde ajudo as mães a construir relacionamentos mais fortes e a diminuir os conflitos com seus filhos adolescentes. Nosso produtor e editor é Steve Coleman, e o episódio foi pesquisado, escrito e apresentado por, Ann Coleman na versão original em inglês, e traduzido e apresentado por Noemia Colonna, em português.